sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Anti-Dom

Anti-Dom

Para Swaï

Dar e não receber
Não dar e não receber
Receber e não retribuir
E' de fazer o coração partir
...

Viajando entre vidas alheias

O trabalho de arquivo é assim: você numa sala fria (às vezes de tão gelada, você até bate o queixo), com um papel velinho que da até medo de tocar (ui, se virar essa pagina, o documento pode se desfazer; ui, se tocar nesse papel posso ter as mãos infectatdas por uma bactéria mortifera...), um silêncio espantoso e o habito de ler e copiar, como se estivesse num monastério. Sempre me lembro d'O Nome da Rosa...

Nas pausas para levantar um pouco a cabeça da frente do computador, do documento ou do microfilme, acaba-se conhecendo gente legal, fazendo o mesmo que você, com as mesmas duvidas e com historias sobre os arquivos que você visitara no futuro ou que ja andou debulhando. Uma espécie de comunidade paralela das "salas de leitura" mundo afora. De fato, o cosmopolitismo é regra, ou pelo menos não ha espaço para provincialismo.

Mas, a solidão também é regra e os meus interlocutores deixaram apenas leves rastros de suas vidas conturbadas, entre Impérios, mares, capitais, revoluções, raças, gêneros, graus e numeros. Na minha busca, ainda timida e desorganizada, acabo me deparando com historias de vida que invariavelmente me apresentam situações tão complexas que a Historia talvez tenha bem-feito em deixa-las para tras. E mais facil assim.

Levanto a cabeça e vejo a janela que me lembra os cobogos de Brasilia. O céu pesado que so com as nuvens de um toro que molhara até a alma de quem estiver do lado de fora. Viajo um pouco nas nuvens e logo volto para a carta de um irmão que partiu. Tão longe, tão perto.

Nessa sala de leitura, ha um patio, meio mal-cuidado, mas onde da para descansar do frio, almoçar me esquentando no solzinho de inverno. Espaço publico de uma cidade sem-espaços publicos, os visitantes que por ai circulam às vezes simplesmente não têm para onde ir. Gosto da democracia desse espaço. Mas, uma ida ao banheiro me faz lembrar quão dura pode ser a realidade bem aqui ao lado, enquanto mergulho nas historias do lado de la.   

A sala de leitura e o meu espaço - o leitor de microfilme


O documento em microfilme
A janela e seus cobogos
O Patio - Autoretrato entre monolitos
 

Recado sobre a dureza da vida em volta à minha

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um mês e meio depois ... I'm back!

Vamos la, ao trabalho! Hoje recebi uma chamadinha de leve da minha orientadora luisianesa, que me disse gentilmente "You now have to start to move quickly..."
Como o que eu melhor sei fazer é procrastinar (além de fazer planos irrealizaveis, é claro), volto ao blog... ;-)
Então, em um mês e meio, tantas coisas... Começo pelo fim:
- da fragilidade da vida:
* hoje, fui à Tulane e descobri que tenho uma divida de mais de 9,000 US$ por ter feito duas disciplinas nesse semestre. ha! pelo visto entendi algo mal sobre a hospitalidade sulista... um telefonema da minha orientadora bastou para apagar a divida, mas o susto foi grande (sera que prisão por divida foi abolida mesmo???).
* ontem, bati o joelho no pé da minha mesa de escritorio. doeu tanto que vi estrelas e... desmaiei! resultado: um corte ao lado do olho direito e... um olho roxo! R-I-D-I-C-U-L-O!!!  
* ha um mês e meio, carregando um copo de agua e o meu celular na mesma mão, consegui, ao pô-los sobre a mesa, "despejar" o celular dentro do copo de agua... resultado: perdi todos os numeros salvos na memoria do celular = fim de uma relativa vida social?!?
às vezes me pergunto se cenas ridiculas, surreais, e super engraçadas (quando passado o susto), como essas, acontecem com outras pessoas... 
- da beleza de cada dia:
* New Orleans é uma cidade bela, bela, bela mesmo. me emociono tanto quando descubro um novo passarinho - colorido, fragil, ou com um canto de apaixonar. outro dia foi um vermelho, lindo como nunca vi. estava no jardim do vizinho e o vi assim que abri as cortinas da minha janela, de manhã cedo. beleza pura!
num outro dia, estava no portico conversando com o operario nicaraguense que fazia obras aqui em casa e me apareceu uma maravilha voando: azul, branco e cinza. lindo, lindo, lindo.
hoje, em Tulane, no meio do turbilhão, vi o passarinho mais fragil do mundo. devia ser menor que o meu dedo mindinho e estava no gigantesco carvalho centenario do meio do campus. um presente!
* outra coisa que adoro aqui é a generosidade das pessoas. outro dia me faltavam 5 cts para completar a passagem de ônibis, antes d'eu pegar a minha carteira, a motorista ja tinha tirado do seu bolso e me ofecia para completar o que faltava.
hoje peguei o bonde para ir de Tulane ao French Quarter. la para as tantas, entrou um moço. ele sentou atras da motorista e logo começou a tossir. numa parada ela estendeu uma garrafinha de agua para ele, a fim de aliviar a sua tosse.... gentil, né?!
* em cada esquina, uma surpresa. ha um mês atras estava no Quarter quando ouvi o som de uma marching band. segui o som e, em frente à catedral, me deparei com uma maravilha de apresentação dos alunos de um colégio. um pouco militar demais, parecia ser proibido sorrir... mas, é sempre impressionante ver um molequinho tocando tuba & afins!
ontem voltando a pé para casa, mesma coisa. musica pelas ruas que me guia até uma marching band de uma escola aqui perto. eles desfilavam pelas ruas como treino, atrapalhando o trânsito num boa, sem buzinas ou reclamações. dessa vez, tinha até cheers leaders!
- da tristeza de cada dia:
* em três meses por aqui, vi dois tiroteios (= duas mortes)... triste, triste, triste
* um vizinho tem um adesivo no carro com uma mensagem explicita "try not to hate people"... preciso dizer algo mais?!?!

No mais, tudo indo bem. O frio chegando para valer, com uns dias lindos - céu azul e solzinho que esquenta a alma de verdade (mas so a alma... ;-)
Para os brazilienses (e cariocas), estou a D - 11!!! E não vejo a hora de estar por ai, comer pamonha e apertar os molequinhos (não necessariamente nessa ordem)!!! ;-) 

E, como teses não são feitas com posts em blogs, sigo o conselho da minha orientadora, e volto ao trabalho!